Blog de opera e ballet - Ali Hassan Ayache
“Os caprichados arranjos para piano são em maior parte obra da cantora.Eliane Salek tem uma bela voz, seus graves enfeitiçam, sua técnica combina com a dramaticidade das músicas. Seu repertório no CD tem melodias que nos transportam no tempo.”
ELIANE SALEK, MODINHAS E CHORINHOS ETERNOS A série Música no Museu , que divulga a música clássica por todo Brasil, lançou em 2008 o CD com o mezzo-soprano e corista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Eliane Salek. Intitulado Modinhas e Choros Eternos trás canções de diversos compositores, como Chiquinha Gonzaga e modinhas imperiais recolhidas por Mario de Andrade. Os caprichados arranjos para piano são em maior parte obra da cantora. Tempos pretéritos no Brasil (Séculos, XVIII , XIX e início do XX) era de bom costume a música fazer parte da educação das moças. Lares de boas famílias tinham seu piano e educação musical era um fator preponderante na vida social. Cantar e tocar era quase obrigação às moças que esperavam pacientemente por um marido. O CD de Eliane Salek nos transporta a esse tempo. A música de salão, vinda originalmente de Portugal, caiu no gosto do Brasil imperial. Quando se compravam partituras, faziam-se saraus nas casas regados a quitutes. Quando a voz era a essência da música e a memória auditiva era valorizada . Eliane Salek tem uma bela voz, seus graves enfeitiçam, sua técnica combina com a dramaticidade das músicas. Seu repertório no CD tem melodias que nos transportam no tempo. "Querido Piano" e "Lua Branca" de Chiquinha Gonzaga são destaques de interpretação. As quatro modinhas imperiais recolhidas por Mario de Andrade tem ótimos arranjos para piano. "Ali Baba" é um trecho da opereta de Henrique Alves de Mesquita, música famosa no Rio de Janeiro do século XVIII. Surpresa receber um conjunto de músicas tão belas. Trabalho feito com dedicação e competência, de resgate e de seleção. Mas não se trata de um resgate aleatório (antigo nem sempre significa qualidade) e sim de belas canções. Melodias que ficam na memória,que nos obriga a ouvir novamente, que marcam pelas letras bem escritas, muitas delas poemas musicados. Escrito por Ali Hassan Ayache