Marcus Góes
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“Quando Noel Rosa morreu, uma música em sua homenagem dizia que nele o Senhor encarnara a alma sonora do samba. Pois em ELIANE SALEK, o Senhor encarnou A ALMA SONORA DA MÚSICA!!”
Eliane Salek - a música em pessoa. Eliane exibe quase tudo o que tem para trazer ao público! ELIANE SALEK é flautista, é pianista é cantora (meio-soprano), é pesquisadora de partituras, é arranjadora e é intérprete e divulgadora efetiva e produtiva da música brasileira. Como se não bastasse, acaba ela de exibir ao público um testemunho de muitas de suas possibilidades no CD que ora analisamos, que tem por título "MODINHAS E CHORINHOS ETERNOS", vinculado à série "Música no Museu". Essa série, inaugurada em 1997, é a maior série de música clássica do Brasil. Só em 2007, levou a cabo 504 (!!!) concertos no Brasil e no exterior. O CD ora em tela é uma das inúmeras manifestações da benemérita série em favor da música de autores brasileiros. Eliane canta e acompanha-se ao piano em modinhas antigas, canções e chorinhos, a maior parte de tudo em arranjos feitos também por ela mesma. O repertório vai desde modinhas e canções do famoso conjunto reunido por Mário de Andrade, de autores anônimos e Cãndido Ignácio da Silva e A. J. S. Monteiro a uma bela "Fantasia sobre um tema de Anacleto de Medeiros" e peças de autoria de Callado, Anacleto, Chiquinha Gonzaga e até um trecho em arranjo da célebre opereta "Ali Baba", de Henrique Alves de Mesquita, uma das obras mais representadas no Rio de Janeiro da segunda metade dos oitocentos. Uma das peças antigas é excepcionalmente bem cantada pelo soprano Rosane Aranda, doce e timbrada voz de soprano aqui muito bem aproveitada. Rosane, foi um encanto ouvi-la no CD. O público espera poder ouvi-la ao vivo!! No CD, ELIANE SALEK nos exibe quase tudo que o tem para trazer ao público: ótima voz de meio-soprano, excelentes arranjos, de boa urdidura harmônica e rítmica, um piano sonoro e corretíssimo, entusiasmo de artista "performer" que sabe o que está fazendo, entusiasmo esse que a todos contagia quando topamos com uma artista brasileira dessa envergadura cantando, tocando e arranjando música genuinamente brasileira . Juntar no mesmo CD Candido Ignácio, Mesquita (ainda mais no seu Ali-Baba), Anacleto, Callado, Chiquinha Gonzaga e ELIANE SALEK é reunir a história do Brasil à arte que este país é capaz de produzir. Como menores valias que não chegam a diminuir o peso do magnífico CD, a menção no mesmo período a "modinhas imperiais" e "século XVIII". O século XVIII de "imperial" não tem nada, o que torna imprópria a menção. E a morte de Chiquinha Gonzaga vem citada equivocadamente em 1835, em evidente erro de digitação que devia ter sido notado e evitado. Quando Noel Rosa morreu, uma música em sua homenagem dizia que nele o Senhor encarnara "a alma sonora do samba". Pois em ELIANE SALEK, o Senhor encarnou A ALMA SONORA DA MÚSICA!! Brava, ELIANE !!! MARCUS GÓES FEVEREIRO/2009 Autor Marcus Góes em 7/2/2009 (www.movimento.com)